Relembre alguns ônibus articulados que já operaram pela EMTU

Relembre alguns ônibus articulados que já operaram pela EMTU

Nos últimos dias, publicamos que a Viação Osasco, empresa que opera linhas da EMTU na região Oeste da Grande São Paulo, desativou seu ônibus articulado. A notícia gerou debate em nossas postagens a respeito da operação de ônibus articulados no sistema EMTU. Atualmente, apenas duas áreas de operação conta com os veículos.

No entanto, anos atrás, outras linhas também já contaram com ônibus de maior porte. Aproveitando que hoje é dia de “TBT’, relembramos alguns destes veículos nesta postagem. Confira:

Viação Campo Limpo

A Viação Campo Limpo foi uma empresa que operou linhas intermunicipais na região Sudoeste da Grande SP até 2006. Ligando as cidades de Embu das Artes, Taboão da Serra, Cotia e São Paulo, ela fazia parte do grupo de empresas do empresário Baltazar José de Souza, que possuía diversas companhias pelo país.

Sua frota contava com veículos de diversas marcas e chassis – inclusive articulados. Um deles era o Ciferal Megabus/GLS, ônibus caracterizado pela sua frente “gordinha”. A carroceria era tracionada por um chassis Volvo B58, com motor dianteiro. Sua operação ocorria principalmente na linha 125, que ligava o bairro Jardim São Marcos, em Embu, ao distrito de Pinheiros, em São Paulo – linha que hoje vai apenas até a Estação Vila Sônia.

Rumores apontam que a empresa tinha algo entre dois e três ônibus articulados similares a este, que operaram até meados do ano de 1999. Raríssimas são as fotos deste modelo na internet – em contrapartida, abundantes são as lembranças…

Outra empresa do mesmo grupo que também contou com este ônibus foi a EAOSA, que operava na região do ABC Paulista. Dizem que, quando fechada, boa parte dos ônibus da Campo Limpo foram para lá.

EAOSA

Empresa que operou linhas intermunicipais do ABC até o fim da década passada, a EAOSA contou com diversos modelos de ônibus articulados. Além do citado acima, estavam presentes em sua frota também o Marcopolo Torino (versões 1989 e 1999), Caio S21, Busscar Urbanuss, Mascarello Gran Via… cada um de uma fabricante diferente.

Caio S21
Mascarello Granvia
Busscar Urbanuss
Torino versão 1999

A frota de ônibus articulados da EAOSA rodava principalmente em linhas que partem de Mauá. Contudo, ocasionalmente apareciam em outros lugares – como em Paranapiacaba. Parte destes veículos ainda fizeram parte da frota de outras empresas do grupo na região.

Tal qual no caso da sua irmã Campo Limpo, a frota da empresa já era considerada “antiga” na época em que rodava. Atualmente, nenhuma empresa do grupo opera em linhas da EMTU – A Campo Limpo foi descredenciada em 2006, já as empresas do ABC deram lugar à Next na renovação de contrato do Dória.

Viação Boa Vista

A Viação Boa Vista operou em linhas da EMTU até 2019*¹, e contou com ônibus grandes em sua frota. Eles operavam no eixo “Campinas – Hortolândia”, no interior do estado. O da foto, por exemplo, é um Busscar Urbanuss Plus. Deste modelo, a empresa tinha tanto ônibus com chassis Volvo (dianteiro) quanto Mercedes (traseiro).

Uma curiosidade sobre estes ônibus é que eles tinham portas apenas do lado direito*². Após a construção do Corredor Noroeste na Avenida Lix da Cunha, houve a inclusão de portas também do lado esquerdo.

A Viação Boa Vista deixou de operar em 2019*¹ após a concessão das linhas da EMTU da região ao Consórcio Bus+. Neste consórcio, o Grupo Belarmino – dono da Boa Vista – continuou operando articulados na região por meio da Capellini (empresa que integra este consórcio). Com a desativação do articulado da Viação Osasco, a Capellini passou a ser a única empresa que opera pela EMTU fora do corredor ABD a contar com ônibus assim.

Além disso, em um passado mais longínquo, a Viação Boa Vista e a Ouro Verde (outra empresa do grupo) contaram com outros modelos de articulados, como o Caio Vitória Scania S113 (foto) e o Caio Alpha o-400UPA.³

Ônibus articulado da Capellini atualmente

Raposo Tavares

Na década de 2010, a Viação Raposo Tavares, que opera linhas que ligam Cotia a São Paulo, testou dois ônibus articulados em sua operação. Um deles era um articulado simples, de 18 metros de comprimento, com carroceria Marcopolo Torino e chassis Mercedes O500MA. Outro, maior, contava com carroceria Neobus e chassis Scania F360. No caso deste último, tratava-se e um ônibus biarticulado, com quase 30 metros de comprimento; algo inédito no sistema.

O teste de ambos ocorreu na linha 396, linha extremamente troncalizada que parte do Terminal Cotia e, na época, ia até Pinheiros – contando com integração com outras linhas municipais de Cotia e intermunicipais da EMTU. Infelizmente, após os testes, a empresa nunca mais contou com ônibus deste tipo.

Viação Osasco

A própria Viação Osasco já contou com outros ônibus articulados anos atrás. O primeiro deles, de testes, foi um Millenium BRT de 22 metros. Quando testado, ele operou principalmente pela linha 420, que ligava os Terminais Cotia e Vila Yara (Osasco).

Além disso, quando a EMTU mudou a dinâmica das linhas da região Oeste – com o corte de várias linhas no Terminal Vila Yara – a empresa passou a contar com outro ônibus deste modelo, mas em definitivo. Todavia, conversas de bastidores apontavam que a demanda ficou aquém da esperada após a troncalização – ou seja, as linhas transportavam mais pessoas até os antigos destinos (Lapa e Butantã) que as linhas novas criadas para integrar estes trajetos (840 e 850). Desta forma, o ônibus foi operar em linhas da empresa Transppass – do mesmo grupo.

Panorama e futuro

Atualmente, os contratos de operação celebrados entre EMTU e empresas – ao menos na Grande São Paulo e Baixada Santista (regiões uma vez licitadas) – não preveem a obrigatoriedade de contar com ônibus articulados na frota. Sendo assim, as empresas trazem estes veículos apenas se assim o quiserem.

Entre os principais motivos alegados por integrantes do setor ouvidos pelo portal para a falta de ônibus articulados na frota, estão o custo destes veículos e a falta de estrutura viária para sua operação. Entre estes, talvez o custo seja o principal – já que mesmo em linhas com demanda e estrutura para comportar ônibus maiores, as empresas seguem insistindo em ônibus simples.

Atualmente, um ônibus comum no sistema EMTU, com ar condicionado e motor dianteiro, custa algo em torno de R$600 mil. Por outro lado, um ônibus articulado pode custar entre R$1,5 milhão e R$3,5 milhões, dependendo da tecnologia.

Fato é que, caso a EMTU incentivasse de alguma maneira a compra deste tipo de veículo, haveria um incremento considerável na capacidade de transporte das linhas. Um ônibus convencional, como o mencionado acima, de tamanho padrão (12,5 metros) comporta pouco mais de 70 pessoas (sentadas e em pé). Por outro lado, um ônibus biarticulado como o testado pela Raposo Tavares, de acordo com a fabricante, pode comportar mais de duzentas pessoas.

Por diversas vezes, nós já solicitamos à EMTU que interviesse junto às empresas para que umas pudessem ceder veículos maiores que possuíam às outras, para a realização de testes em linhas de alta demanda. Porém, a entidade não aceitou nenhum dos pedidos.

Ela até mencionou a possibilidade de colocar na próxima licitação de concessão do transporte da Grande SP uma exigência de ônibus articulados de acordo com a demanda das linhas. Já que esta licitação nunca saiu do papel (atrasada desde 2016), resta-nos esperar pelos próximos capítulos.

ERRAMOS: *1: Originalmente publicamos que a Viação Boa Vista operou até 2014. Na verdade, sua operação ocorreu até 2019. 2*:Além disso, todos os veículos da empresa antes do modelo atual tinham portas apenas do lado direito (originalmente, citamos “alguns”). *3: Incluído pela observação do leitor José Pontual.

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Redação